O Rugido da Despedida: GLENN HUGHES Incendeia o VIP Station em SP

Na noite de 16 de novembro de 2025, o VIP Station foi palco de um evento que trouxe a nostalgia gloriosa e a celebração de um presente musical vibrante: o show de Glenn Hughes, a inconfundível "Voz do Rock".
Em turnê anunciada como sua provável despedida dos palcos brasileiros, o cantor e baixista britânico, aos 74 anos, provou que a voz, a técnica e o groove do rock clássico permanecem intactos.
O show, parte da turnê "The Chosen Years" do seu mais recente álbum solo, Chosen (2025), foi uma verdadeira viagem pela multifacetada carreira de Hughes que transcende gêneros. Diferente de sua visita anterior em maio, focada exclusivamente na era Burn do Deep Purple, nesta noite abraçou toda a sua discografia.
Acompanhado por sua banda de apoio (o guitarrista Søren Andersen e o baterista Ash Sheehan), Hughes abriu o set com a energia contagiante de "Soul Mover", um clássico de sua fase solo, que imediatamente aqueceu a plateia com sua fusão de hard rock e funk-soul.
Houve forte representação dos supergrupos, incluindo "One Last Soul" e "Black Country" do Black Country Communion e a performance de "Muscle and Blood" do projeto Hughes/Thrall.
O repertório deu espaço a canções da seminal banda Trapeze, como a cadenciada "Medusa" e a explosiva "Way Back to the Bone", lembrando aos fãs suas raízes no funk e soul que ele incorporou de forma única ao rock.
Destaque para o álbum Chosen (2025) com "Voice in My Head", provando que apesar do anúncio da "despedida" Hughes segue ativo e produzindo material de alto nível com uma profundidade lírica e melódica, refletindo sua fase mais espiritualizada e sóbria da carreira.
Como esperado, o encerramento principal foi reservado para a fase Deep Purple. Após uma performance visceral, o bis culminou com a rendição estrondosa de "Burn", onde Hughes, mesmo com a voz em falsete potente, demonstrou o porquê de ser chamado de "A Voz do Rock" levando o público ao delírio. A era Deep Purple foi devidamente celebrada.
A performance de Glenn Hughes não foi apenas um concerto; foi uma aula de música, celebrando a capacidade de um artista de se reinventar e honrar um legado de mais de cinco décadas. Se esta foi, de fato, a despedida do lendário baixista dos palcos brasileiros, ele o fez com a paixão e o rugido que o consagraram.
As bandas e projetos mais icônicos e fundamentais da trajetória de Glenn Hughes que definiram seu estilo, consolidaram sua fama e estabeleceram seu legado no rock and roll:
Deep Purple (1973-1976)
Foi a banda que o levou ao estrelato mundial e garantiu sua entrada no Rock and Roll Hall of Fame. Como baixista e vocalista (compartilhando os vocais com David Coverdale), sua entrada marcou a chamada Mark III e Mark IV do Deep Purple, injetando fortes elementos de funk e soul no tradicional hard rock da banda. Participou dos álbuns Burn (1974), Stormbringer (1974) e Come Taste the Band (1975).
Trapeze (1969-1972)
Hughes começou e desenvolveu seu estilo único de funk-rock. É o projeto que pavimentou o caminho para a sonoridade que ele levaria ao Deep Purple.
Vocalista e baixista principal, foi o pioneiro no gênero funk-rock e hard rock com raízes R&B. Participou dos álbuns Medusa (1970) e You Are the Music...We’re Just the Band (1972).
Black Sabbath (1986)
Embora tenha sido um período breve e turbulento em sua carreira, resultou em um álbum de grande importância para a discografia da banda, apesar de ter sido originalmente concebido como um álbum solo de Tony Iommi.
Como vocalista, participou do álbum Seventh Star (1986).
Black Country Communion (2009-presente)
Hughes volta ao centro das atenções do hard rock moderno com influências de blues e classic rock conquistando grande sucesso comercial. Como baixista e vocalista, divide os palcos com Joe Bonamassa (guitarra), Jason Bonham (bateria) e Derek Sherinian (teclados).
The Dead Daisies (2019-2023)
Fase recente e extremamente produtiva de sua carreira, provando que, mesmo após décadas de estrada, ele ainda busca novos desafios musicais e tem muito a contribuir.
The Dead Daisies é conhecido por sua formação rotativa de "supermúsicos", sendo um coletivo de hard rock fundado pelo guitarrista David Lowy. A banda recruta periodicamente lendas do rock que já passaram por grupos como Whitesnake, Guns N’ Roses e Black Sabbath.
Hughes ingressou no grupo em setembro de 2019, substituindo o vocalista John Corabi e o baixista Marco Mendoza, assumindo assim o papel duplo de vocalista principal e baixista, retomando o formato que o consagrou no Deep Purple e Trapeze.
Sua presença injetou uma forte dose de groove, blues e soul no hard rock da banda, que já tinha uma base sólida de rock clássico dos anos 70 e 80. A parceria rendeu dois álbuns de estúdio aclamados que rejuvenesceram o som do grupo e colocaram Hughes de volta em turnês internacionais de grande escala.
Holy Ground (2021) foi o primeiro álbum com Hughes, executando um trabalho poderoso que combina sua alma dramática com riffs pesados, sendo frequentemente comparado à sonoridade do Deep Purple Mark III. Radiance (2022) foi o segundo e último álbum continuando a explorar a química explosiva da banda Dead Daisies.
Em maio de 2023, foi anunciada a saída amigável de Glenn Hughes do The Dead Daisies. Segundo o próprio Hughes, a banda planejava uma pausa, mas ele estava em um momento em que não queria parar. Sua prioridade era retornar ao seu trabalho solo e retomar as atividades do Black Country Communion.
SETLIST
SOUL MOVER - Soul Mover (2005) / Solo
MUSCLE AND BLOOD - Hughes/Thrall (1982) / Hughes/Thrall
VOICE IN MY HEAD - Chosen (2025) / Solo
ONE LAST SOUL - Black Country Communion (2010) / Black Country Communion
CAN’T STOP THE FLOOD - Building the Machine (2001) / Solo
FIRST STEP OF LOVE - Hughes/Thrall (1982) / Hughes/Thrall
WAY BACK TO THE BONE - You Are the Music...We’re Just the Band (1972) / Trapeze
MEDUSA - Medusa (1970) / Trapeze
GRACE/DOPAMINE - Seventh Star (1986) / Iommi
CHOSEN - Chosen (2025) / Solo
MISTREATED - Burn (1974) / Deep Purple
STAY FREE - Black Country Communion (2010) / Black Country Communion
----------------
COAST TO COAST - You Are the Music...We’re Just the Band (1972) / Trapeze
BLACK COUNTRY - Black Country Communion (2010) / Black Country Communion
BURN - Burn (1974) / Deep Purple
